Degustando vinhos em Katsunuma

André Amorim, com fotos de Yuri Yuhara

Em Minas Geraiscostuma-se dizer que quem não tem mar vai para o bar. Aqui na nossa província irmã não parece ser muito diferente, a não ser pela bebida da estação. Enquanto em Minas, e no Brasil em geral, a preferência nacional é a cerveja, independente da época do ano, Yamanashi é responsável por cerca de 40% da produção doméstica de vinho no Japão e sedia, nesses meses, vários eventos relacionados à colheita das suas uvas e produção de vinho. Na exposição de uvas e vinhos de Fuefuki/Isawa, infelizmente os efeitos dos tufões do mês passado não permitiram um movimento maior de pessoas. Mas, no Festival do Vinho de Katsunuma, as condições do clima foram favoráveis, e foi lá que nos aventuramos nesse último final de semana.



Katsunuma fica a 20km da capital Kofu, a 25 minutos de trem pela linha JR Chuo. Havia um shuttle bus a 300 yenes o trecho, desde a estação até o local do evento. Nesse ínterim, já se começa a deliciar pelo menos um dos atrativos da cidade – a paisagem de montanhas e videiras é deslumbrante – então é bom deixar a câmera e/ou celular a postos.


No campo do festival, dezenas de barracas de fabricantes de vinhos expunham suas marcas e forneciam pequenas amostras de graça, desde que se comprasse a taça oficial do evento a 1000 ienes. Além delas, obviamente não faltavam outros vendedores de comidas típicas japonesas (karaages, yakisoba) e ocidentais (salsichas alemãs, espetos de carne, batatas fritas, etc). O pêssego daqui, não menos famoso, também não podia ter ficado de fora.


Devo confessar que as poucas habilidades gustativas que eu possuo foram se esvaindo após a décim... digo, após a quarta amostra de vinho. Na verdade, o mais importante desse festival, pelo menos pra mim, foi o ambiente de integração e alegria que pairava desde o início, com famílias e amigos fazendo seus piqueniques, casais, jovens desfilando suas roupas e os estrangeiros interagindo entre si para trocar amenidades sobre a vida no interior do Japão.

Como se o vinho fosse só um álibi para esse tal grande encontro. Tinha lugar pra todo mundo e também shows de música. Mas a paisagem que envolve a cidade incui incontáveis videiras que traduzem, em quantidade e beleza, o tamanho do orgulho desse povo pelas suas frutas. Calculo que esse tenha sido o evento com mais estrangeiros por metro quadrado que presenciei, até hoje, em Yamanashi – com a óbvia excessão da escalada do Monte Fuji, da qual já podia imaginar a multidão de gringos. 
O que indica o quão forte é a fama da uva, e seus derivados, do local.


Ao cair da noite, vários jovens tomaram o espaço com suas tochas e cânticos, começando o rito para acender a pira que, junto com um espaço cravado na montanha em formato de portal xintoísta (Torii), iriam simbolizar a celebração da temporada da colheita.





Então, se estiver no Japão no início de outubro, entre uma ida e outra a Tóquio ou arrededores de Yamanashi, venha celebrar a colheita também! Fica a dica e até a próxima...

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